Revoltados contra o emperramento dos processos no Fórum de Cuiabá, os advogados inscritos na OAB partiram para um protesto inusitado, provavelmente inédito no Brasil: entraram em greve por tempo indeterminado. O então presidente da Seccional da OAB, Aníbal Pinheiro da Silva 1981-1983), cobrava soluções do Judiciário, mas o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Ataíde Monteiro da Silva, tinha sempre o mesmo argumento para justificar o estrangulamento do Judiciário de Mato Grosso: a eterna falta de juízes, de pessoal, de infra-estrutura... como acontece ainda hoje.
Na década de 80, a falta de juízes e promotores era o problema mais sério do Judiciário. Às vezes, o governo tinha que nomear magistrados, porque ninguém queria saber de fazer concurso. Principalmente, porque o provimento mensal – em torno de CR$ 70 mil – não atraía ninguém. “Quando surgia um concurso, quem participava era geralmente advogados que estavam desempregados...” – lembra Pinheiro da Silva. Ele se recorda de um concurso para preenchimento de cargos de juízes em Mato Grosso, com a inscrição de 54 candidatos, dos quais apenas 24 fizeram as provas e somente 8 foram aprovados.
